Dallas – a Vitória também nos VALORES

O sócio da ANTB e antigo Presidente da Direcção, José Curado publica um pequeno texto sobre a recente final da NBA. Destaca o papel do Treinador, da Equipa e da importância dos Valores no sucesso colectivo.

Desta forma pretendemos inaugurar um espaço de opinião no Blog e FB da ANTB. Brevemente convidaremos outros companheiros a escrever sobre a importância do papel do Treinador.

NBA/2011: Dallas – a Vitória também nos VALORES


No final da época 2009/2010 Dirk Novitzki, nos Dallas Mavericks e Lebron James, nos Cleveland Cavaliers, encontravam-se na situação de “free-agent” – tinham terminado os respectivos contratos e podiam decidir o seu futuro como muito bem entendessem.

E decidiram de modo bem diferente. Nowitzki permaneceu fiel e solidário para com a organização onde estava, sendo decidido que se iria construir uma equipa à sua volta e para ganhar. Lebron preferiu rumar a outras paragens para se juntar a ainda mais vedetas, provavelmente na presunção de que juntando algumas destas as vitórias dificilmente escapam.

O desfecho da época 2010/2011 é conhecido – Dallas ganhou. Já passou e não tenho a mais pequena pretensão de ser mais um a analisar o jogo “que se vê”. Quero apenas dar um pequeno contributo para ajudar a perceber aquela parte do jogo que “não se vê”, mas que é muito importante.

Assim, atentemos nalguns pormenores (um amigo meu chamar-lhes-ia PORMAIORES) que observei no final do jogo 6:

- Mark Cuban, o proprietário da equipa de Dallas providenciou para que os primeiros proprietários da equipa assistissem ao jogo e, na cerimónia da entrega do troféu e no meio de toda a euforia, fez questão de que fossem eles, cidadãos já bem avançados na idade, a receberem o troféu, o que fizeram no meio de uma enorme emoção, particularmente visível nele. Bonito de ver;

- Mas Cuban não se ficou por aqui. “Assaltado” pelos jornalistas fez questão de chamar o treinador porque era a ele que “aquelas” perguntas deveriam ser feitas. Ou seja, mesmo ali no meio da “algazarra” reforçou o papel e a autoridade do treinador;

-E vimos este, Rick Carlisle, a explicar de forma simples a importância de se jogar em EQUIPA;

- E Carlisle é, seguramente, um grande treinador. E não é apenas por ter ganho, é-o também pelo modo como construiu a equipa com um banco que respondeu daquela maneira – no jogo 6 “saltaram” de lá o melhor marcador, J. Terry, e 43 pontos dos 105 – 41%! Quem estuda estas questões sabe muito bem que para que isto seja possível é preciso fazer tudo muito bem feito no que respeita à definição das tarefas e responsabilidades de cada jogador e à qualidade da rede de comunicação que tem de ligar a equipa. Quando o banco responde desta maneira é porque há por ali valores que são respeitados e que fazem com que as pessoas (os jogadores) se sintam bem e estejam altamente motivados. São “aquelas coisas que não se vêm”;

- E, depois, é já com toda a naturalidade, que se ouve a grande figura, Nowitzki, dizer que “quando eu não estava a conseguir a equipa estava a fazê-lo” – lembremo-nos de que no jogo 5 ele jogou com cerca de 40 graus de febre e na 1ª parte do jogo 6 “elas não entravam no cesto”;

- E, ainda e também muito significativo mas agora do outro lado, no final do jogo 6 os de Miami já nem se davam ao trabalho de fazer faltas. Ou seja, ali já não estava uma equipa (tê-lo-á sido alguma vez verdadeiramente?) mas sim um grupo de jogadores provavelmente a quererem sair dali o mais rapidamente possível – um final pouco digno, digo eu.

Foi bom ver que, numa época em que se fala muito de uma crise de valores (ou será antes uma crise de pessoas?), ainda há quem, mesmo a este nível da competição e do espectáculo desportivo, se guie por “coisas que não se vêm” mas que, no fim, fazem com que o espectáculo seja realmente bonito! 

E ainda se lembram de como tudo começou ainda antes de a época arrancar?

José Curado
Sócio nº 25

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